UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS ESPECIALIZADOS
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO DE 1º E 2º GRAUS
PROFESSORA: NALÚ FARENZENA

TÍTULO: RELATÓRIO DE PESQUISA - Superdotados: utopia ou realidade?
ALUNO: Manoel Weinheimer - 1911/93-5

INTRODUÇÃO:
     Aguçou-se a curiosidade, uma discussão em uma aula que tratava do Estatuto da Criança e do Adolescente, na qual abordou-se os alunos superdotados e os talentosos. Fiquei interessado em descobrir o que é um aluno superdotado e em que difere este de um aluno talentoso.
     Após breve conversa bastante profícua com a professora, onde relatei suscintamente meu intento, através de sua orientação, dirigi-me à Secretaria de Educação. Aí obtive algumas informações superficiais a respeito do assunto. Porém, a senhora Marilene Gueiroz, responsável pela coordenação do atendimento aos deficientes visuais, que me atendeu, achou melhor eu fazer uma visita à FADERS. Disse-me que essa entidade está ligada à SEC e que lá eu encontraria todas as informações as quais eu estava procurando.
     Duas visitas infrutíferas à FADERS; na terceira tentativa, fui atendido “com todas as honrarias” pela professora Clara Maria Meira que trabalhou vários anos com alfabetização de deficientes e que, atualmente, trabalha com superdotados, é pedagoga. Após uma conversa de três horas numa tarde de terça-feira ensolarada, saí de lá com muitas idéias bem esclarecidas e com algum material sobre o assunto, xerocado.

APRESENTAÇÃO:

     A primeira questão relevante, do meu ponto de vista, a salientar-se é que não exista difernça entre os termos superdotado, portador de altas habilidades e talentoso. Estes termos estão presentes em bibliografias diversas, organizadfas em países diferentes, mas que definem o mesmo “corpus”. Ou seja, esses termos definem crianças ou adultos com notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados:
 a) capacidade intelectual geral;
 b) aptidão acadêmica específica;
 c) pensamento criativo ou produtivo;
 d) capacidade de liderança;
 e) talento especial para artes visuais, artes dramáticas e música;
 f) capacidade psicomotora elevada;
 g) alfabetização precoce.
     Como os carecteres genéticos independem de classe social, ou então, Deus, não privilegia apenas os abastados, mas também os fracos, pobres e oprimidos; esses indíviduos - OS SUPERDOTADOS - proliferam em qualquer classe social, em qualquer meio, rural ou urbano. Muitas vezes, por diversos motivos, são castrados a desenvolverem suas máximas potencialidades. São irritados, na maioria das vezes, por não se compreenderem ou por não serem compreendidos pelos familiares ou pelas pessoas que os rodeiam (professores, etc.)
     São obrigados, dessa forma, a viverem isolados do resto do mundo. Outras vezes, quando suas potencialidades “de gênio” são descobertas, exige-se da criança ou adulto, uma supervalorização de seu desempenho, notas elevadas, nenhum fracasso, etc. Isso tira o indíviduo do meio em que vive, transladando-se a um patamar superior, muitas vezes, digno, apenas dos “Deuses Mitológicos”. Muitos entraram em paranóia pelo alto nível de exigência cobrado pelos pais ou professores.
     Alguns estudos incipientes foram feitos e descobriu-se que o elevado nível de perfeição que dos superdotados se exigia acarretava quase sempre em desenvolvimento insuficiente com relação ao desempenho de suas aptidões. Após a deflagração de superdotados a nível mundial, estudos e pesquisas mais aprofundadas começaram a surgir. O primeiro argumento relevante, levantado por essas pesquisas, está relacionado ao convívio do superdotado como indíviduo, como ser humano. Descobriu-se que um superdotado pode ter muitas dificuldades em disciplinas específicas no colégio ou, inclusive, ser intransigente quanto a sentar-se em uma sala de aula durante quatro horas para alfabetizar-se. Concluiram que, uma vez deflagradas aptidões acima da média em uma criança, é preciso tratá-la como qualquer outra criança normal, auxiliando-a no entrosamento com colegas ou qualquer outros grupos sociais. Tudo isso é necessário para que suas aptidões verdadeiramente floresçam e atinjam o ápice de forma natural, ou seja, de acordo com suas necessidades de evoluir e de descobrir-se.
     Nos países de “primeiro mundo”, da Europa, principalmente, há entidades que atendem os superdotados em classes especiais, com tratamento diferenciado dos cursos escolares normais. Os profissionais que atendem a essa área são altamente especializados, no intuito de desenvolver as super-aptidões específicas de cada aluno, sem deixar de tratá-los como crianças que, como tais, necessitam de brincadeiras, de peraltices, etc. Enfim, essas crianças vivem seu período de infância normalmente. Nada de supercobranças a nível de aproveitamento escolar 100%, porém, todos os recursos são oferecidos, quando são erguidas quetões mais complexas por parte do aprendiz. Tudo num processo gradual seguindo o crescimento do aluno. Ocorre também um acompanhamento psicológico diário afim de que consigam entender suas variadas e múltiplas cargas emocionais para que não fiquem psicológicamente pertubados e possam atingir a fase adulta sem problemas.
     No Brasil - “país de 3º(ou de 4º) mundo” - a partir da década de 80, começou uma maior efervescência, maiores preocupações surgiram em torno dos superdotados. A primeira idéia foi de, quando deflagradas as superpotencialidades nos indíviduos, separá-los em classes especiais. Para jovens orientados de famílias de alto poder aquisitivo, até que funcionou essa segregação. Porém, o grande problema, como já falei, é que os superdotados nascem em qualquer classe social, e, até na roça. O que acontecia é que as entidades retiravam essas crianças dos seus meios e, praticamente, tratavam-os intensivamente, quase que em laboratório. Essa mudança de meio, muito brusca para a criança, muitas vezes, fazia com que ela não aceitasse ou não se ambientalizasse com aquele processo.
     A FADERS com outras entidades semelhantes do centro do País, vem implantando um modelo que à alguns anos está sendo profícuo. A idéia é fornecer todo o amparo necessário possível (são apenas três pessoas para todo o RS) ao superdotado, sem retirá-lo do meio em que vive. Essas crianças levam uma vida normal, freqüentam colégios estaduais ou municipais, sem desvincularem-se de seus bairros ou de suas zonas rurais onde nasceram. Importante salientar, ainda, é que, quando descobrto algum superdotado em um colégio qualquer, são dados cursos e palestras aos professores destes colégios, para que uma melhor orientação paralela seja dispendida a essa criança.



CONCLUSÃO:
     Em suma, essa foi para mim, uma experiência muito interessante, especificamente, porque conheci um lado do processo educacional que não é freqüentemente abordado no meio acadêmico.
     Muito esclarecedora, porque sanou minhas dúvidas a respeito do superdotado e/ou do talentoso, e como são tratados num país como o nosso, com tantas dificuldades. No entanto, existem pessoas amparando-os (esses nossos geniozinhos) da melhor maneira possível.


BIBLIOGRAFIA

1. ALENCAR, Eunice, M.L. Soriano de. Perspectivas e   desafios da educação do superdotado. (xeros)
2. -----. A identificação e o atendimento ao superdotado.
3. MEC. Política Nacional de Educação Especial. (xerox)
4. SHIMMA, Emi et alii. Como tratar estas crianças tão  especiais? Revista Globo Ciência. Rio de Janeiro,    Dez. 1995.