INTRODUÇÃO:
Aguçou-se a curiosidade, uma discussão em uma aula que tratava
do Estatuto da Criança e do Adolescente, na qual abordou-se os alunos
superdotados e os talentosos. Fiquei interessado em descobrir o que é
um aluno superdotado e em que difere este de um aluno talentoso.
Após breve conversa bastante profícua com a professora, onde
relatei suscintamente meu intento, através de sua orientação,
dirigi-me à Secretaria de Educação. Aí obtive
algumas informações superficiais a respeito do assunto. Porém,
a senhora Marilene Gueiroz, responsável pela coordenação
do atendimento aos deficientes visuais, que me atendeu, achou melhor eu
fazer uma visita à FADERS. Disse-me que essa entidade está
ligada à SEC e que lá eu encontraria todas as informações
as quais eu estava procurando.
Duas visitas infrutíferas à FADERS; na terceira tentativa,
fui atendido “com todas as honrarias” pela professora Clara Maria Meira
que trabalhou vários anos com alfabetização de deficientes
e que, atualmente, trabalha com superdotados, é pedagoga. Após
uma conversa de três horas numa tarde de terça-feira ensolarada,
saí de lá com muitas idéias bem esclarecidas e com
algum material sobre o assunto, xerocado.
APRESENTAÇÃO:
A primeira questão relevante, do meu ponto de vista, a salientar-se
é que não exista difernça entre os termos superdotado,
portador de altas habilidades e talentoso. Estes termos estão presentes
em bibliografias diversas, organizadfas em países diferentes, mas
que definem o mesmo “corpus”. Ou seja, esses termos definem crianças
ou adultos com notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer
dos seguintes aspectos isolados ou combinados:
a) capacidade intelectual
geral;
b) aptidão
acadêmica específica;
c) pensamento criativo
ou produtivo;
d) capacidade de
liderança;
e) talento especial
para artes visuais, artes dramáticas e música;
f) capacidade psicomotora
elevada;
g) alfabetização
precoce.
Como os carecteres genéticos independem de classe social, ou então,
Deus, não privilegia apenas os abastados, mas também os fracos,
pobres e oprimidos; esses indíviduos - OS SUPERDOTADOS - proliferam
em qualquer classe social, em qualquer meio, rural ou urbano. Muitas vezes,
por diversos motivos, são castrados a desenvolverem suas máximas
potencialidades. São irritados, na maioria das vezes, por não
se compreenderem ou por não serem compreendidos pelos familiares
ou pelas pessoas que os rodeiam (professores, etc.)
São obrigados, dessa forma, a viverem isolados do resto do mundo.
Outras vezes, quando suas potencialidades “de gênio” são descobertas,
exige-se da criança ou adulto, uma supervalorização
de seu desempenho, notas elevadas, nenhum fracasso, etc. Isso tira o indíviduo
do meio em que vive, transladando-se a um patamar superior, muitas vezes,
digno, apenas dos “Deuses Mitológicos”. Muitos entraram em paranóia
pelo alto nível de exigência cobrado pelos pais ou professores.
Alguns estudos incipientes foram feitos e descobriu-se que o elevado nível
de perfeição que dos superdotados se exigia acarretava quase
sempre em desenvolvimento insuficiente com relação ao desempenho
de suas aptidões. Após a deflagração de superdotados
a nível mundial, estudos e pesquisas mais aprofundadas começaram
a surgir. O primeiro argumento relevante, levantado por essas pesquisas,
está relacionado ao convívio do superdotado como indíviduo,
como ser humano. Descobriu-se que um superdotado pode ter muitas dificuldades
em disciplinas específicas no colégio ou, inclusive, ser
intransigente quanto a sentar-se em uma sala de aula durante quatro horas
para alfabetizar-se. Concluiram que, uma vez deflagradas aptidões
acima da média em uma criança, é preciso tratá-la
como qualquer outra criança normal, auxiliando-a no entrosamento
com colegas ou qualquer outros grupos sociais. Tudo isso é necessário
para que suas aptidões verdadeiramente floresçam e atinjam
o ápice de forma natural, ou seja, de acordo com suas necessidades
de evoluir e de descobrir-se.
Nos países de “primeiro mundo”, da Europa, principalmente, há
entidades que atendem os superdotados em classes especiais, com tratamento
diferenciado dos cursos escolares normais. Os profissionais que atendem
a essa área são altamente especializados, no intuito de desenvolver
as super-aptidões específicas de cada aluno, sem deixar de
tratá-los como crianças que, como tais, necessitam de brincadeiras,
de peraltices, etc. Enfim, essas crianças vivem seu período
de infância normalmente. Nada de supercobranças a nível
de aproveitamento escolar 100%, porém, todos os recursos são
oferecidos, quando são erguidas quetões mais complexas por
parte do aprendiz. Tudo num processo gradual seguindo o crescimento do
aluno. Ocorre também um acompanhamento psicológico diário
afim de que consigam entender suas variadas e múltiplas cargas emocionais
para que não fiquem psicológicamente pertubados e possam
atingir a fase adulta sem problemas.
No Brasil - “país de 3º(ou de 4º) mundo” - a partir da
década de 80, começou uma maior efervescência, maiores
preocupações surgiram em torno dos superdotados. A primeira
idéia foi de, quando deflagradas as superpotencialidades nos indíviduos,
separá-los em classes especiais. Para jovens orientados de famílias
de alto poder aquisitivo, até que funcionou essa segregação.
Porém, o grande problema, como já falei, é que os
superdotados nascem em qualquer classe social, e, até na roça.
O que acontecia é que as entidades retiravam essas crianças
dos seus meios e, praticamente, tratavam-os intensivamente, quase que em
laboratório. Essa mudança de meio, muito brusca para a criança,
muitas vezes, fazia com que ela não aceitasse ou não se ambientalizasse
com aquele processo.
A FADERS com outras entidades semelhantes do centro do País, vem
implantando um modelo que à alguns anos está sendo profícuo.
A idéia é fornecer todo o amparo necessário possível
(são apenas três pessoas para todo o RS) ao superdotado, sem
retirá-lo do meio em que vive. Essas crianças levam uma vida
normal, freqüentam colégios estaduais ou municipais, sem desvincularem-se
de seus bairros ou de suas zonas rurais onde nasceram. Importante salientar,
ainda, é que, quando descobrto algum superdotado em um colégio
qualquer, são dados cursos e palestras aos professores destes colégios,
para que uma melhor orientação paralela seja dispendida a
essa criança.
1. ALENCAR, Eunice, M.L.
Soriano de. Perspectivas e desafios da educação
do superdotado. (xeros)
2. -----. A identificação
e o atendimento ao superdotado.
3. MEC. Política
Nacional de Educação Especial. (xerox)
4. SHIMMA, Emi et alii.
Como tratar estas crianças tão especiais? Revista Globo
Ciência. Rio de Janeiro, Dez. 1995.