Artigo 59
O sistemas
de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I - currículos,
métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
II - terminalidades
específicas para aqueles que não puderem atingir o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores
com especialização adequada em nível médio
ou superior, para atendimento especializado, bem como professores
do ensino regular capacitados para a integração desses educandos
nas classes comuns;
VI - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
no trabalho competitivo, mediante articulação com órgãos
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior
nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
regular.
Artigo 60
Os órgãos
normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios
de caracterização das instituições privadas
sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva
em educação especial, para fins de apoio técnico e
financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo
único: O Poder Público adotará, como alternativa preferencial,
a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades
especiais na própria rede pública regular de ensino,
independentemente do apoio às instituições previstas
neste artigo.
A Constituição
afirma, que todos são iguais perante a Lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se, dentre outros, o direito à
vida. Esse direito visa a que cada um busque a plenitude do seu existir,
participando ativamente na construção da sua vida pessoal,
tendo uma existência digna, feliz e de qualidade.
Segundo
estimativas da ONU (Organização das Nações
Unidas), as pessoas portadoras de deficiências representam 10% da
população mundial. Esse percentual pode ser mais elevado
quando se trata de países, como o Brasil, onde as condições
sócio-econômicas da população são precárias.
Dentro
da filosofia em que se fundamentam os direitos humanos, é evidente
que todos devem ter as mesmas oportunidades de aprender e de desenvolver
suas capacidades, para, assim, alcançar a independência social
e econômica, bem como poder integrar-se plenamente, na vida comunitária.
Por essa
razão, as mesmas oportunidades oferecidas pela sociedade às
pessoas consideradas como “normais” devem ser extensivas aos educandos
especiais.
Sendo
assim torna-se evidente que as instituições educacionais
regulares precisam contar com meios apropriados e suficientemente flexíveis,
para facilitar a tais educandos pleno desenvolvimento e real integração
social comunidade em que vive.
Dessa
forma, o trabalho a ser apresentado tem por objetivo principal, mostrar
de forma objetiva, se está sendo aplicada, de acordo com o capítulo
V da LDB, a educação para portadores de deficiência
física e mental. Para um melhor direcionamento abordamos a Educação
Física, como base realizamos entrevistas em escolas especializadas
em deficientes mentais e auditivos.
CATEGORIA EDUCACIONAL ESPECIAL
1- DEPENDENTES
- São aqueles atendidos somente em clínicas.
- ausência
quase total da linguagem;
- incapacidade
de adquirir hábitos higiênicos;
- assistência
contínua no vestir, comer, etc;
- incapazes
de se defender do perigo e ajustar-se no meio social;
- retardo
reconhecido desde os primeiros anos de vida;
- não
respondem aos estímulos do meio;
- dificilmente
atingem idade mental superior a 3 ou 4 anos;
- não
sobrevivem sem ajuda, enfim são dependentes totais.
2 - TREINÁVEIS
- São aqueles que freqüentam Escolas Especiais.
- são
capazes de defender-se dos perigos;
- adquirem
hábitos de higiene de rotina;
- realizam
pequenos trabalhos caseiros;
- chegam
a um ajustamento satisfatório;
- aprendem
a repartir e a respeitar os outros;
- na maioria
dos casos o retardo é identificado nos primeiros anos de vida;
- é
significativo seu atraso no andar e no falar;
- tem
limitações no aprendizado da leitura, escrita e aritmética
;
- quando
adulto atinge uma idade mental de 3 a 7 anos;
- necessita
de ajuda e supervisão.
3 - EDUCÁVEIS
- São aqueles que freqüentam Classes Especiais.
- apresentam limitações de aprendizagem espontânea,
dificuldade de
compreensão, de manter atenção dirigida;
- possuem
habilidade de adaptação pessoal e social;
- seu
comportamento pode apresentar: agressividade,desvalorização,
frustração, teimosia, não tem dissernimento;
- capazes
de aprendizagem formal da leitura, escrita (disgrafia), aritmética
(discalculia), entre 9 e 12 anos (idade cronológica);
- necessitam
de experiências concretas, pois falta aptidão para trabalhar
com abstração;
- seu
vocábulo é suficiente para a vida diária;
- seu
atraso mental só é verificado na idade escolar;
- normalmente
o crescimento físico é normal;
- atingem
na fase adulta uma idade de desenvolvimento mental entre 7 e 12
anos.
4. DEFICIENTES
MENTAIS
4.1. CARACTERÍSTICAS DOS DEFICIENTES MENTAIS:
Deficiência
mental caracteriza-se por funcionamento intelectual geral significamente
abaixo da média, que se origina no período de desenvolvimento.
Há dificuldades na capacidade do indivíduo em responder adequadamente
as demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação,
cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e
comunidade, independência na locomoção, saúde
segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.
4.2. CLASSIFICAÇÃO DOS DEFICIENTES MENTAIS
LEVE -
tem possibilidades de dominar atividades básicas, bem como manter-se
independente ou semi-independente no grupo social quando adultos.
MODERADA
- apresenta, em sua maioria, problemas neurológicos, sendo capaz
de aproveitar os programas de treinamento sistematizado, o desenvolvimento
de habilidades acadêmicas ou vocacionais é bastante limitado.
SEVERA
ou PROFUNDA - a pessoa pouco poderá beneficiar-se de qualquer tipo
de treinamento ou educação, necessitando de assistência
por toda vida, pelo fato de ser dependente total.
5. DEFICIENTES
AUDITIVOS
As pessoas
portadoras de deficiência auditiva têm a perda total ou parcial
da capacidade de conduzir ou perceber sinais sonoros. Não devemos
considerar que toda pessoa portadora de deficiência auditiva seja
surda.
5.1 CLASSIFICAÇÃO
DO DEFICIENTE AUDITIVO
Com base na classificação do Bureau Internacional d’Audiophonologie Biap, considera-se:
SURDEZ
LEVE: apresentação de perda auditiva situada até 40
decibéis, impede que a criança perceba igualmente todos os
fonemas da palavra.
SURDEZ
MÉDIA: apresentação de perda auditiva entre 40 e 70
decibéis, o deficiente identifica as palavras mais significativas,
tendo dificuldade de compreender certos termos de relação
e/ou frases gramaticais complexas.
SURDEZ SEVERA: apresentação de perda auditiva entre 70 e 90 decibéis, permite apenas que o deficiente identifique alguns ruídos familiares.
SURDEZ
PROFUNDA: apresentação de perda auditiva acima de 90 decibéis.
Sua gravidade é tal que priva a criança das informações
auditivas necessárias para receber e identificar a voz humana, impedindo
que adquira a linguagem oral.
6. DADOS OBTIDOS
NAS ENTREVISTAS
6.1 ESCOLA DE 1º GRAU INCOMPLETO RENASCENÇA
Deficientes:
- Downs;
- Deficientes mentais;
- PCs
(paralisia cerebral).
Escola
incluída no artigo 58 enciso 2º (ver página 3) da LDB.
Professores
da Educação Física: são graduados e especializados
na área de Educação Especial.
Objetivo da Educação Física: contribuir para maior
adaptação pessoal e social dos excepcionais e pcs, organizando
jogos e brincadeiras que deêm oportunidade à criança
de libertar seus sentimentos acumulados de tensão, frustração,
insegurança, agressividade e medo. Considerando suas necessidades
psicoafetivas, oferecer-lhes condições de adaptação
familiar, escolar e social, preparando-lhes para a vida.
Os alunos
são distribuídos em níveis 1, 2, 3, 4,e oficinas,
conforme o seu potencial cognitivo, e aqueles que estão num nível
acima farão parte das oficinas que dispõem de culinária,
cerâmica, pintura nas quais demostram maior aptidão e interesse.
A Escola
prepara-os para o mercado de trabalho e até tenta incluí-los
no mesmo, inclusive um de seus alunos trabalhava na lanchonete da Santa
Casa, são os próprios alunos que preparam as refeições
da escola, sempre com acompanhamento dos professores.
A Escola
oferece atividades “extra escola” neste ano realizou-se no SESC e Ginásio
de esportes Tesourinha, dia 8 de Novembro, torneios (JOMEX) que não
baseiam-se somente em competição, mas principalmente na integração
professor-aluno-pais-sociedade, nestes tiveram atividades como Atletismo,
Futsal e Handebol,
A Escola
também proporciona-lhes contato com a cultura e o meio social, este
ano participou da abertura da Feira do Livro com uma apresentação
de teatro.
Quanto
a nova LDB, os professores dizem já observar os aspectos por ela
abordados ela abordados para a Educação Especial, discordando
apenas da proposta de alunos com as devidas deficiências passarem
a integrar o ensino regular, alegando que não é possível
a aprendizagem sem o acompanhamento e toda a estrutura especial de métodos,
técnicas e recursos educativos.
6.2.
ESCOLA DE 1º E 2º GRAUS EMÍLIO MASSOT
Uma das escolas pioneiras a integrar o aluno deficiente no ensino regular.
Currículo: segue-se o do estabelecimento escolar.
Conteúdo:
- leitura labial
- leitura de sinais
- comunicação total que engloba, figuras, escrita, fala,
liguagem de sinais.
Evasão:
muitos não concluem, pois tem dificuldade em persistir.
Repetência:
a professora acredita que seria maravilhoso a Escola por ciclos. Ela particularmente
adota o mesmo processo, procurando não reprovar e sim aprová-lo
para fazer um acompanhamento juntamente com os colegas. O aluno
deficiente já e encontra muitos obstáculos, e
a Escola não pode se tornar mais um.
Professora:
Maria de Loudes Morais
Formação: Graduada em Pedagogia com ênfase em orientação educacional, Cursos especializados para a surdez, atua desde 1982 com surdos.
Classes especiais: seis turmas, sendo três pela manhã e três a tarde.
Total de
alunos: 19 na tarde
= 37 alunos
18 na manhã
Seriação:
1ª a 4ª série
Antigamente
a Escola mantinha uma sala de recursos para poder manter ensino de
2º grau para aqueles deficientes que conseguissem chegar até
o mesmo, porém esta sala não existe mais, pois o Estado acha
muito ho-
noroso mantê-la para poucos deficientes que conseguem atingir o 2º
grau.
A Escola
inclui-se no Artigo 58 enciso 1º (ver página 3 )
Em média
de 7 a 9 alunos concluem o 1º grau. Existem dificuldades, segundo
a professora, determinantes para este fato:
- as crianças
chegam tarde a Escola;
- são
normalmente de baixa renda;
- necessitam
entrar cedo no mercado de trabalho.
Então
torna-se mais lento o progresso, pois muitas vezes é na scola que
eles vão começar a relacionar-se, terão o 1º
amigo, e também é onde apresentam emoções
com sorrir, brincar e até mesmo brigar.
Atualmente
a Escola tem 3 alunos deficientes auditivos integrados ao ensino
regular.
Determinantes
para passar para o ensino regular:
- verificar
quando foi detectada a surdez;
- quais
as providências tomadas pelos familiares;
- quando
foi o ingresso na Escola;
- como
é a sua comunicação;
- como
é a sua integração social;
- e já
estar alfabetizado.
A grande
maioria não consegue a aprovação para o ensino regular,
os que conseguem participam de atividades em um turno na classe especial
e no outro em classe regular com assessoria.
A professora
acha a proposta da nova LDB totalmente utópica. Acredita que o deficiente
necessita de acompanhamento, caso contrário, pode-se considerar
um abandono e até desestimulá-lo, porém acredita que
com a supervisão, com uma integração do aluno ao ensino
regular, planejada e organizada tende somente a acrescentar para a vida
do mesmo.
- Quanto as verbas:
Há
3 anos que a Escola recebe uma lista da SEC para assinalar o material que
está faltando, mas a escola prepara a lista, encaminha e não
recebe retorno. No ano seguinte, recebe mais uma lista.
O material
na classe especial, é mantido pelas famílias dos deficientes
e até a própria professor dispõem-se a comprar livros
e outros materiais quando estão em falta.
Educação
Física:
Não
há professor especializado para a Classe Especial. A própria
professora trabalha a Educação Física com os alunos.
Ela procura abordar todas as atividades, tais como, Volei, Futebol, Handebol.
. O DEFICIENTE
MENTAL E A EDUCAÇÃO FÍSICA
A Educação
Física para a criança portadora de deficiência exige
trabalho diferenciado, específico e intencionado, com alta dosagem
de dedicação por parte do professor, a fim de que o trabalho
seja orientado dentro dos limites de capacidade do educando, objetivando
obter rendimento capaz de levar ao aluno a trabalhar com gosto nesta atividade,
que lhe é altamente benéfica.
As instituições
de ensino superior em Educação Física, em sucessivas
reuniões, assumiram o compromisso de oferecer mais um campo de conhecimento
e de atendimento através do curso de licenciatura e das atividades
de extensão. Essas atividades refletem uma ação tímida
das escolas de Educação Física frente à abrangência
do trabalho na área das Atividades Físicas e desportos Adaptados
a pessoas com necessidades educativas especiais.
Considerando
apenas o Rio Grande do Sul, onde existem catorze escolas de Educação
Física , se 06 professores se propuserem a incluir tópicos
sobre a deficiência em suas disciplinas, haverá, no mínimo,
84 profissionais envolvidos.
Provavelmente,
nessas escolas, ingressarão no mínimo 700 alunos por ano,
que receberão informações nas referentes disciplinas
profissionalizantes e, como conseqüência, haverá um maior
número de futuros professores com melhores condições
para atender essa área de conhecimento, a nível de Brasil
projeta-se uma quantidade significativa de novos profissionais para acompanhar
o desenvolvimento das pessoas portadoras de deficiência na prática
dos desportos.
.
8. CONCLUSÃO
Acreditamos
que com a maneira que será o ensino atualmente, colocar o aluno
deficiente no ensino regular é uma atitude que requer muita responsabilidade.
As deficiências
físicas, certamente tendem a ter uma melhor adaptação,
porém concordamos com os professores que contactamos que, deficiências
mental e auditiva, requerem um trabalho especial. É preciso uma
integração planejada, organizada e orientada.
Colocar
este deficiente (mental e auditivo) no ensino regular sem acompanhamento,
terá a probabilidade muito grande deste aluno ser abandonado e assim
desistir da Escola.
O deficiente
é um ser diferente e temos que ter consciência deste fato
para poder explorá-lo no que tem no que tem de melhor e ajudá-lo
a encontrar uma maneira de viver bem, tanto consigo mesmo, quanto na sua
família e na sociedade.
“Os portadores
de deficiência são aquelas pessoas que nasceram ou adquiriram
um déficit intelectual, físico ou orgânico -
o que não se as impede de serem respeitadas enquanto cidadão
com direitos e deveres (Piccinini 1995)”.
NETTO, Francisco Camargo - Desporto adaptado a Portadores de Deficiência Porto Alegre - RS UFRGS INDESP, 1996.
HOEMANN, H. W. OATES - HOEMANN, S.A.(Ed) - Linguagem de sinais do Brasil. Porto Alegre Centro Educacional para deficientes auditivos, 1983.
CICCONE, Marta - Comunicação total introdução, estratégia, a pessoa surda. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1990.
PICCININI, Ledevino
- Unindo o Rio Grande na Luta pelos Deficientes. Assembléia
Legislativa, [s.d.].