UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO  DO ENSINO DE 1º E 2º GRAUS

TÍTULO: Avaliação Coerente
ALUNA: Janine Alves de Oliveira
N.º DE MATRÍCULA: 1443/94-6


INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta a avaliação do ensino da Educação Física nos 1º e 2º graus.
O tema foi escolhido pelo interesse em saber como é feita na teoria e na prática a avaliação dentro da minha área de atuação profissional, visto que muitas vezes parece ser a tarefa mais difícil do processo ensino - aprendizagem.
Este trabalho teve como objetivos então, encontrar modelos de avaliação, relacionar a teoria e a prática da avaliação, e verificar a coerência entre a avaliação e todo o processo ensino - aprendizagem anterior a ela.
E para que fosse atingidos esses objetivos utilizei pesquisa bibliográfica e algumas entrevistas com professores de Educação Física.

O QUE É AVALIAÇÃO?

O ato de avaliar não significa uma nota ou conceito aos alunos, reprovar ou aprovar, classificar como apto ou não, mas antes implica um processo de acompanhamento durante todo o processo de aprendizagem.
A avaliação não tem um fim em si mesmo. Não é um fim, mas um meio.
A avaliação deve ser um meio de auxiliar o processo de ensino e aprendizagem, para averiguar ou detectar os avanços ou acertos e as falhas, tanto do desempenho de alunos quanto de professores, de modo a corrigi-los ou reforçá-los.
Em geral os professores não têm muita clareza sobre o que seja a avaliação. Muitas vezes usam o termo para referir-se ao ato de medir ou aplicar um teste. Mas, testar significa submeter-se a um teste ou experiência, consiste em verificar o desempenho de alguém ou alguma coisa, através de situações previamente organizadas, chamadas testes. Medir significa determinar quantidade, a extensão ou o grau de alguma coisa, tendo por base um sistema de unidades convencionais. O resultado de uma medida é expresso em números, daí sua objetividade. A medida se refere sempre ao aspecto quantitativo do fenômeno a ser descrito. AVALIAR é julgar ou fazer a apreciação de alguém ou alguma coisa, tendo como base uma escala de valores. Assim sendo, a avaliação consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos e na interpretação desses resultados com base em critérios previamente definidos. Portanto, avaliar consiste em fazer julgamento dos resultados, comparando o que foi obtido com o que se pretendia alcançar.
Então, avaliação de ensino é o processo de coletar e analisar dados a fim de determinar o grau em que metas preestabelecidas foram atingidas e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes.

MODELOS DE AVALIÇÃO

A avaliação apresenta três funções: diagnosticar, controlar e classificar, que estão relacionadas a três modelos de avaliação.
Portanto a primeira é a avaliação diagnóstica. É aquela realizada no início de um curso, período letivo ou unidade de ensino, com a intenção de constatar se os alunos apresentam ou não o domínio dos pré - requisitos imprescindíveis para novas aprendizagens.
Avaliação formativa, com função de controle, é realizada durante todo o período letivo, com o intuito de verificar se os alunos estão atingindo os objetivos, isto é, quais os resultados alcançados durante o desenvolvimento das atividades. E assim a avaliação pode servir como meio de controle de qualidade.
A avaliação somativa, com função classificatória, realiza-se ao final de uma curso, período letivo ou unidade de ensino. Consiste em classificar os alunos de acordo com níveis de aproveitamento previamente estabelecidos, geralmente tendo em vista sua promoção de uma série para outra, ou um grau para outro.

O QUE É AVALIAR?

No processo de desenvolvimento do educando todas as dimensões do comportamento devem ser consideradas de forma integral. E mesmo se os aspectos não devem ser separados em partes interrelacionadas.
Os objetivos educacionais se dividem em três aspectos: afetivo, cognitivo e motor.
O aspecto afetivo abrange os objetivos que enfatizam sentimentos e emoções, como interesses, atitudes, valores, apreciações e formas de ajustamento. A área afetiva não trabalha com conteúdos explícitos, ela é desvelada através dos demais conteúdos. Ela está implícita nos objetivos da escola, no seu grau de democratização, nas formas de organização escolar e, principalmente nas atitudes dos professores. As crianças jogam juntas, mantêm relações entre si, as mais diversas e isto, acontece sobre tudo nas aulas de Educação Física. Mas é fundamental compreender que a principal função da avaliação, especialmente no domínio afetivo, é educativa. A avaliação neste aspecto é melhorar o desenvolvimento do aluno no que se refere a atitudes e valores, e não atribuir uma nota.
O aspecto cognitivo abrange os objetivos que enfatizam os processos mentais e os resultados intelectuais como conhecimento, compreensão e habilidades de pensamento. E como fonte de objetivos cognitivos podem-se apontar: saúde, primeiros socorros, técnicas, táticas e regras de desportos.
O aspecto motor inclui os objetivos que focalizam habilidades musculares e motoras. Na Educação Física o aspecto motor é o mais considerado para a realização da avaliação, por ser o movimento seu elemento de trabalho. A principal técnica na avaliação deste aspecto é a observação, pois se trata de atividade práticas.
Embora estes aspectos estejam intimamente interligados não é possível sintetizar num mesmo conceito ou nota os resultados da avaliação dos mesmos, pois cada área possui características distintas.
Depois num exemplo: no arremesso do basquete o professor pode avaliar se o alunos participa, se ele sabe como executar o gesto, se ele executa corretamente ou ainda quantas cestas ele acerta. Pode avaliar tudo ou algum deles, isto vai depender de seus objetivos específicos para àquele aprendizado e também o que ele entende como o mais importante na Educação Física.
E ainda um exemplo interessante: uma atividade de pular corda pode indicar inúmeros elementos para uma avaliação. Ao pular corda, a criança pode expressar, em vários momentos, sua afetividade. Há alunos que se mostram indecisos, vacilantes, quando chega sua vez de "entrar" na corda. Outros cortam a fila para pular mais vezes que os outros. Há aqueles que se cansam após poucos pulos. Algumas crianças tropeçam na corda cada vez que tentam entrar na brincadeira. Aqui pode - se observar a afetividade e sociabilidade pelas indecisões, vacilações, medos ou pouca cooperação. Na cognição, a correção de movimentos e, na motricidade, a coordenação espaço - temporal, força muscular, resistência.

E COM OS PROFESSORES...

Entrevistando os professores de uma escola particular, percebeu-se que a maior dificuldade na avaliação era dar a nota ou conceito. Por isso, agora eles fazem, com todos os alunos de 5ª a 8ª séries e os do 2º grau, uma avaliação compartilhada, entre professor e aluno. Os professores estabeleceram critérios dentro dos aspectos afetivos e motores e, numa ficha única, os alunos dão sua nota de 0 a 5 para cada critério e assim também faz o professor. No final deverão somar cada um, professor e aluno, o valor de seus critérios e se espera que a nota do professor e do aluno dê o mesmo valor. Caso haja diferença, o professor volta a conversar individualmente com aquele aluno para fazerem uma reavaliação. Também é avaliado o aspecto cognitivo com um trabalho teórico, e cada série é sobre algo: regras de desportos, primeiros socorros, alimentação.
Depois, com uma palestra sobre escolas de ciclo tive informações sobre a avaliação. Nestas escolas é feita a avaliação diagnóstica principalmente para quando entram na escola. E é feito, sobre tudo, uma avaliação formativa que avalia constantemente se estão sendo atingidos os objetivos, e assim feita a reformulação do planejamento. A avaliação somativa é como que desconsiderada, pois a mudança de ano se dá pela idade e não através do resultado da avaliação, e também não é conferido uma nota ou conceito, e sim apenas apontado quais os objetivos atingido ou não.
Por fim fiz uma entrevista com uma professora de escola estadual. Ela faz sua avaliação sobre três aspectos. Mas a participação é o critério mais importante, justamente pela sua visão da Educação Física escolar. A Educação Física escolar deve proporcionar vivências das mais variadas atividade físicas para que o aluno tenha gosto por alguma delas e as pratique mesmo fora da escola, visto a importância delas para a saúde e para a interação social. E ela utiliza além de observações, a auto avaliação dos alunos considerando que esta pode ser mais um momento de aprendizagem e crescimento recíproco.

CONCLUSÃO

Ao final deste trabalho realmente encontrei modelos de avaliação.
Concluí que a prática contêm a teoria, mas observei uma busca de inovações e adaptação à própria realidade; também de acordo com o pensamento individual dos objetivos da própria Educação Física.
Como saber se avaliamos corretamente? Pela subjetividade ela apresenta mesmo como um desafio.
Mas, observei que além de um desafio, é uma procura constante de um modelo ideal e coerente tanto na prática como em trabalhos teóricos. E no final ficou um "gostinho" de querer aprofundar ainda mais este assunto.

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro. Ed. Scipione - 1989 - São Paulo.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação - mito e desafio: uma perspectiva construtivista. In: Revista Educação e Realidade, 1991.
KISS, Maria Augusta. Avaliação em Educação Física. Ed. Manole - 1987 - São Paulo.
MATHEWS, Donald. Medidas e avaliação em Educação Física. Ed. Interamericana - 1987 - São Paulo.
SINGER, Robert, DICK, Walter. Ensinando Educação Física: uma abordagem sistêmica. Ed. Globo - 1980 - Porto Alegre.